Comerciante teve arma na cabeça e sofreu ameaças físicas e psicológicas ao passar fim de semana em Alto Paraíso de Goiás. Ação rápida das Forças de Segurança Especializadas do Estado de Goiás identificou e prendeu um dos policiais envolvidos em Cristalina – GO.
ATUALIZADA NA SEGUNDA-FEIRA, 07. As 10:20 horas
Roberto Naborfazan
Um turista mineiro, natural de João Pinheiro, mas que mora em Portugal, e dois amigos que o acompanhavam, passaram momentos de terror neste fim de semana em Alto Paraíso de Goiás, na Chapada dos Veadeiros.
R.B.S e os amigos W. P. de C. e M. C. G. A. foram passar o fim de semana no distrito de São Jorge, a 36 km da sede do município, e fizeram reserva em uma conhecida Pousada nas proximidades da Vila, de sexta-feira, 04, até o domingo, 06.
Segundo declarações dadas para os Policiais Militares da 14ª CIPM e aos agentes da Polícia Civil de Alto Paraíso de Goiás, os três amigos afirmam que deixaram a Pousada em uma SUV Hilux no sábado, para irem almoçar em São Jorge, quando foram abordados por um veículo Land Rover de cor preta Placa JDU-xx44, ocupado por três pessoas, que se identificaram como Policiais, e apresentaram distintivos que eles não souberam identificar a qual corporação pertencia, mas que tinham um brasão parecido com o da Polícia Federal nas roupas.
R.B.S e seus dois amigos afirmam que dois homens desceram do veículo carregando armas tipo pistola, fuzil e metralhadora, e que vestiam calça jeans, tênis preto, camisa tommy azul celeste com manga longa, boné new era, farda caqui, bala clava inferior bege, boné camuflado verde). O terceiro homem não saiu do carro, e que não foi possível o visualizar.
Segundo o Turista, os homens revistaram o seu veículo, perguntando se havia algum ilícito, e que, ao serem informado que ele é comerciante no ramo de cassinos, no exterior, lhe foi solicitado mostrar todas as contas, e, em seguida, levaram R.B.S até a Pousada e o forçaram, sob ameaça de morte, com armas apontadas em sua cabeça, a realizar a transferência de criptomoedas no valor de 4.485 BTC (aproximadamente R$ 900.000,00. – Novecentos mil reiais).
Logo que foi concluída a transferência do valor, os três homens deixaram a vítima na pousada e seguiram destino desconhecido.
R.B.S ressalta também que os autores do crime narravam informações privilegiadas que pouquíssimas pessoas têm acesso.
Logo após o ocorrido, R.B.S e os dois amigos se dirigiram à sede da 14ª CIPM, em Alto Paraíso de Goiás, onde fizeram Registro de Atendimento Integrado (RAI).
Eles apresentaram o recibo de transferência da Criptomoeda, fotos da placa da Land Rover e mais detalhes que pudessem auxiliar na busca pelos criminosos.
Imediatamente as viaturas da Polícia Militar deram inicio ao patrulhamento na região, e comunicando também às unidades dos municípios vizinhos e unidades especializadas do estado. As vítimas também foram orientadas a procurar a Delegacia de Polícia Civil para mais providências.
Lá chegando, repetiram a narrativa dos fatos, e acrescentaram que os criminosos o perguntaram se havia outros empresários que tinham quantias expressivas em criptomoedas.
R.B.S conta que citou aleatoriamente alguns nomes, e que, ainda sob ameaça, lhe foi exigido que entrasse em contato com os nomes informados para que passassem o restante do dinheiro que eles queriam. Informou ainda que, após ameaças físicas e psicológicas, os criminosos viram que o comerciante não tinha mais dinheiro, e então lhe deram um prazo de 24 horas para que o resto do dinheiro lhes fosse entregue, caso contrário, R.B.S e seus familiares iriam morrer. Nesse momento ainda mostraram uma pasta com diversas fotos de pessoas próximas da vítima e afirmaram que sabiam onde localiza-las.
Diligências, investigação e prisão.
Após receber informações via grupos de WhatsApp, de que três indivíduos teriam cometido roubo determinado valor em moeda digital, avaliada aproximadamente em 1.000.000,00 (um milhão de reais), e que o crime havia sido cometido mediante sequestro, utilizando de graves ameaças por meio de armas longas e de grosso calibre, que os criminosos teriam fugido em um veículo Land Rover Sport de cor preta, Placa JDU-xx44 na cidade de Alto Paraíso de Goiás, e que teriam sido visto saindo de Formosa, seguindo sentido à de Cristalina, mas que a ocorrência ainda não havia sido registrada, equipe do Comando do Policiamento Especializado (CPE – 90) se posicionou na GO-436, no intuito de intercepta-los e realizar a abordagem.
Segundo informado ao Jornal O VETOR, não demorou para que a ação tivesse efeito e o veículo com os três ocupantes localizados.
Ao realizar a abordagem, dentro do que preconiza a doutrina de Patrulhamento Tático, foi constatado que os três indivíduos eram Policiais Civis do Estado de Goiás, todos devidamente identificados com funcionais, armas e com o brasão da PCGO; dois deles alegaram ser do Grupo Tático 3 (GT3), lotados em Goiânia, e que estariam em monitoramento de um possível alvo na região de Formosa, que acionaram o outro Policia Civil, W. da S. R. por ser morador de Cristalina e conhecer melhor a área.
Como nada de nada de ilícito foi constatado, já que não havia nenhuma ocorrência registrada, os três foram liberados.
Ainda conforme informado a nossa reportagem, a equipe do CPE retornava à cidade de Luziânia, mas, após obter sinal de celular, recebeu de um superior a informação que o registro da ocorrência havia sido feito, ficando provado a veracidade da primeira informação recebida pela equipe, e que os policiais teriam mentido durante a abordagem.
Já em Cristalina, com apoio da equipe de inteligência da 32° CIPM , foi localizada a casa onde mora o policial W. da S. R. para onde se dirigiu a equipe do CPE, no intuito de novamente abordar e prender os 03 indivíduos.
Na residência, W. da S. R. assumiu a participação no crime, informando que os outros dois agentes envolvidos haviam fugido para local em que ele desconhecia.
W. S. R foi preso pelos agentes da CPE na presença do Delegado de Polícia Civil, doutor Cassius Zamo, que o conduziu a delegacia por se tratar de um Policial Civil.
Com W. da S. R. foram aprendidos uma arma de fogo Taurus, 13 munições intactas, CBC calibre .40; 1 carregador PT 100 .40; 1 notebook; Um aparelho celular com dois chips e uma carteira pessoal do agente.
Um das vítimas, W. P. de C. que estava na Delegacia de Planaltina-DF aguardando o desenrolar da ação, foi escoltada pelo DOE da PCDF para prestar depoimento na Central de Flagrantes de Cristalina-GO, porque, segundo o delegado do Distrito Federal, como havia mais pessoas envolvidas no crime, seria um risco permitir que a vítima fizesse sozinho esse deslocamento.
Também atuou nessa operação a 32ª CIPM (05º CRPM) e a Central de Flagrantes e Pronto Atendimento ao Cidadão de Cristalina – GO.
Nesta segunda-feira, 07, a diretoria da Polícia Civil de Goiás emitiu nota a respeito das providências em relação ao caso.