Troca de Bebês em Hospital: Famílias Lutam com a Realidade da Maternidade e Paternidade.

Por: Evelin Rodrigues.

Após a revelação de uma troca de bebês, uma mãe expressa que não consegue se distanciar da criança que criou desde o nascimento: “Anos amamentando e educando”. Testes confirmaram que os casais não estão com seus filhos biológicos, mas os pais aguardam informações sobre a localização de seus filhos de sangue. “Somos uma família só”, declarou o pai de uma das crianças.
Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, é a mãe de um dos meninos envolvidos na troca ocorrida em uma maternidade em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. Ela afirmou que não consegue imaginar se afastar do menino que cuidou por três anos. “Na minha visão, não há como considerar essa troca. Foram três anos dedicados a amamentar, cuidar e educar”, disse Isamara, visivelmente emocionada.
Em comunicado, a administração do Hospital da Mulher declarou que está disponibilizando todas as informações e documentos necessários para a investigação e está comprometida em esclarecer os acontecimentos (veja a nota completa ao final do texto). A Polícia Civil está investigando o caso.

 

 Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relatos das famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas, e os pais afirmam que não puderam estar presentes no nascimento devido a restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
Quando questionada sobre seu filho biológico, Isamara, que trabalha como designer de sobrancelhas, expressou sua intenção de se aproximar e formar uma grande família. “Sempre digo que queremos nos unir. Transformar esse momento em uma grande família. É desafiador? Sim! Nunca vou esconder dele que ele tem outra família. Isso é um direito tanto dele quanto dos outros pais. No entanto, precisamos da orientação de um psicólogo para abordar essa situação. Essa parte é a mais difícil”, explicou Isamara.
A Descoberta da Troca
A descoberta da troca ocorreu após a separação de um dos casais; Cláudio Alves pediu um exame de DNA para confirmar a paternidade do filho. Sua ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também decidiu realizar o exame. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não seria meu”, afirmou ela. O teste foi feito em 31 de outubro de 2024 e o laboratório solicitou uma contraprova, que revelou que a criança não era filha nem de Yasmin nem de Cláudio.
“Disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Pensei ser um erro até receber a contraprova”, contou Yasmin. Ela se lembrou da outra família presente no dia do nascimento e conseguiu contatá-los através de um pastor. Após essa conversa, Isamara e seu parceiro Guilherme Luiz de Souza também realizaram testes de DNA com seu filho, que também apresentou incompatibilidade.
As famílias ainda não têm confirmação sobre onde está o filho biológico de Yasmin com a família de Isamara. Cláudio mencionou que ainda não foi possível comprovar a paternidade dos pais biológicos devido à necessidade de autorização judicial; o pedido já foi feito mas ainda aguarda avaliação até esta segunda-feira (9). “É um choque imenso. Não tenho estrutura emocional para lidar com isso. Somos uma única família. Queremos paz neste momento tão doloroso; o que desejamos é uma solução”, desabafou Cláudio.
As famílias relataram que as mães não receberam acompanhamento durante o parto e lembram apenas de ver os filhos no quarto após o efeito da anestesia ter passado. Nenhuma delas se recorda se havia pulseiras identificadoras nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin usando um bracelete.
Yasmin compartilhou que passou mal durante o parto e não se recorda dos eventos na sala de recuperação: “Acordei e o bebê já estava ao meu lado; minha mãe estava no quarto comigo. Lembro-me apenas de flashes”. Por sua vez, Isamara relatou que chegou ao quarto antes do bebê, que foi trazido até ela logo após: “Levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. Para mim, tudo parecia certo [com a roupinha]”, contou.
O marido de Isamara expressou sentir falta de cuidado e respeito por parte do hospital em relação às famílias envolvidas: “É um pesadelo. Ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro inaceitável na profissão médica”, afirmou Guilherme.
Investigação
O delegado Miguel Mota da Polícia Civil informou que não irá comentar sobre o caso por estar sob sigilo. Em nota oficial, a Polícia Civil declarou que “os envolvidos já foram ouvidos e as investigações continuam com diligências em andamento para esclarecer todos os detalhes do ocorrido”.
Nota Completa do Hospital da Mulher
“No momento, o hospital não fará declarações até que as investigações sejam finalizadas. Como se trata de uma investigação policial em sigilo por envolver menores, estamos legalmente impedidos de fornecer informações à imprensa conforme as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados.”
Nota Completa da PC-GO
“A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas – 16ª DRP investiga possível infração prevista no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (não identificar corretamente o recém-nascido e a parturiente durante o parto), onde dois bebês podem ter sido trocados no hospital local. A situação foi descoberta após um dos casais decidir se separar e realizar exames DNA que demonstraram incompatibilidade biológica com ambos os pais.”

Fonte: g1. Globo

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